• 29 de Novembro, 2024

Líder da UNITA apela a angolanos para aproveitarem 20 anos de paz e reforço do diálogo

 Líder da UNITA apela a angolanos para aproveitarem 20 anos de paz e reforço do diálogo

O líder da UNITA, maior partido da oposição, apelou hoje aos angolanos para aproveitarem os 20 anos de paz, que se comemoram em 4 de Abril, para reforçar e recuperar o diálogo institucional “que praticamente não existe”.

Adalberto Costa Júnior fez esta declaração no final de um encontro da plataforma política Frente Patriótica Unida (FPU), realizado na quarta-feira, em Luanda, que integra os partidos União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Bloco Democrático, e Abel Chivukuvuku, promotor do projeto político PRA-JA Servir Angola.

O dirigente da UNITA, instado pela Lusa a comentar o fim do conflito armado angolano, alcançado em 04 de abril de 2002, considerou que “20 anos [de paz] não é pouco tempo”.

Segundo Adalberto Costa Júnior, este período permite a realização de um tempo de paz, mas “Angola tem este ónus negativo”.

“Não pode continuar a falar da guerra, do ódio, para justificar a não realização dos grandes atos de hoje, particularmente, quando tivemos uma acumulação extraordinária de disponibilidades financeiras e quando temos de novo um ‘boom’ do petróleo, a trazer recursos extraordinários, que deveriam ensinar ao nosso Governo que estes excessos, estas disponibilidades, deviam ir para as reservas estratégicas para prevenir o futuro e para serem direcionadas aos angolanos, para a melhoria da vida dos angolanos”, frisou.

O líder da UNITA reiterou que 20 anos “são bastante tempo”, lembrando que o seu partido é parte integrante deste processo de paz.

“Nós trabalhamos todos os dias para que esta paz tivesse vindo definitivamente para ficar, para o aprofundamento das suas condições”, referiu.

De acordo com Adalberto Costa Júnior, a paz tinha várias vertentes, nomeadamente a paz militar, civil, social, “aquela que transfere para as famílias angolanas a estabilidade e a dignidade das suas vidas e, infelizmente, os 20 anos não trouxeram estas realidades todas”.

“Trouxeram, felizmente, o não retorno à guerra e este é um dado mais do que adquirido, mas precisamos de adquirir o complemento”, sublinhou.

A data comemora-se em ano de eleições, “onde muito visivelmente”, comentou Adalberto Costa Júnior, querem atirar ao partido “o estigma da violência”.

“E servimo-nos exatamente destas oportunidades para apelar a todos, no sentido de não se distraírem, meter o pé sobre estas cascas de banana. Nós temos que dizer não à violência, sim à paz, sim ao diálogo, ao aprofundamento de uma democracia plural e, portanto, cada um de nós não deve responder, sentir-se no direito de, mesmo atacado, responder, quando as instituições nos dizem que estão à espera exatamente destes maus comportamentos”, disse.

Recentemente, um incidente, com atos de agressão, envolveu as duas maiores forças políticas angolanas, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e a UNITA, no município de Sanza Pombo, província do Uíge, tendo resultado em vários feridos e detidos, na sequência de atividades políticas realizadas por ambos, na mesma altura.

Angola viveu décadas de conflito armado, opondo o Governo e a UNITA, tendo a guerra terminado com a morte em combate do líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, em 22 de fevereiro de 2002, e o acordo de paz assinado em 4 de Abril do mesmo ano.

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