• 15 de Abril, 2025

Professora despedida por denunciar exigência de cartão do MPLA na escola

 Professora despedida por denunciar  exigência de cartão do MPLA na escola

Uma professora do Bengo diz ter sido despedida por ter denunciado que o director da escola onde lecionava estava a exigir o cartão de militante do MPLA aos funcionários. Governo e sindicato dizem estar a acompanhar o caso.

Tudo começou quando o gestor do Liceu 379 alegadamente afirmou que, se dependesse de si, “até a funcionária da limpeza” teria de ser do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) – partido no poder em Angola.

A denúncia foi feita pela então porta-voz e professora da instituição, Sílvia Cololo que, em entrevista à DW, afirma que, desde aí, as relações entre as partes azedaram.

A DW procurou, sem sucesso, ouvir o gestor escolar. Mas, numa entrevista recente à Rádio Eclésia, o diretor da instituição, Samora Neves, negou as acusações.

“O cidadão licenciado faz as coisas de consciência própria e eu tenho consciência disso. Eu não posso levar intenções político-partidárias para a escola. É verdade que eu tenho o meu partido, mas sei muito bem os espaços onde agir como político. Na escola, o que devemos fazer é ambientalizar, e é isso que temos feito”, garantiu.

Despedimento

A professora Sílvia Cololo diz estar a ser perseguida pelo gestor escolar e que foi exonerada e afastada da escola sem aviso prévio. “Não fui informada da minha devolução, apercebi-me pelas redes sociais. Tanto que se tiver alguma razão plausível ou legal, só mesmo a pessoa que me devolveu poderá justificar, eu penso que pode ser também uma questão de arrogância ou emoção, ou uma questão pessoal”, conta.

O sindicato de professores, através do seu secretário provincial, lamenta a situação e fala em irregularidades.

César António afirma que “houve muitos atropelos da lei com relação à devolução da professora, que tomou conhecimento através das redes sociais. Em condições normais, a escola deveria notificá-la”.

Também o director do gabinete provincial da Educação do Bengo, Manuel Fernando, diz ter-se apercebido da situação nas redes sociais. “Ao nível da administração do Estado, como devem calcular, há mecanismos a seguir e vamos a partir de hoje compreender primeiro o que é que houve e, depois, eventualmente, faremos o pronunciamento público”.

O sucedido mereceu já a reacção do secretário nacional do sindicato de professores, Admar Jinguma, que fala num “ato de arrogância”.

“Nós chamamos aqui o gabinete da educação para não dar respaldo a esta medida porque, se não, estaremos a criar um precedente muito grande”, alerta.

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