• 7 de Abril, 2025

Sonho de construção da Basílica continua de pé

 Sonho de construção da Basílica continua de pé

Presidiu a solene celebração eucarística o bispo da Diocese do Uíge, D. Joaquim Nhanganga Tyombe, filho da Huíla, e particularmente do Lubango, recentemente eleito e elevado à dignidade episcopal. Concelebraram a Missa o arcebispo do Lubango D. Gabriel Mbilingi e o arcebispo emérito do Lubango D. Zacarias Kamuenho.

Depois da procissão, de que participou também o governador provincial Nuno Mahapi Dala,  procedeu-se à leitura da acta de inauguração canónica da Capelinha de Nossa Senhora do Monte, marco histórico inicial de referência das festividades marianas. A acta foi redigida há 100 anos pelo padre Francisco Xavier Cipriano, director arquidiocesano de pastoral.

O padre da Arquidiocese do Lubango, Paulo Tchongolola, disse que três intenções nortearam a celebração litúrgica, sendo a primeira a comemoração do centenário da fundação da Capelinha de Nossa Senhora do Monte, inaugurada e benzida a 14 de Agosto de 1921, a segunda a reafirmação da habitual peregrinação anual e a última o encerramento das Jornadas Arquidiocesanas da Juventude e o envio dos Jovens da Arquidiocese para as Jornadas Nacionais Ombaka 2022.

Desafios a vencer

O padre Francisco Artur, responsável do Santuário da Nossa Senhora do Monte, disse que os madeirenses fundadores da cidade do Lubango sempre sonharam construir uma basílica monumental, o que nunca se concretizou. Explicou que actualmente a Arquidiocese do Lubango está empenhada em reavivar o sonho e mobilizar vontades.

“Como sabemos, qualquer projecto sublime requer mobilização de vontades para que haja colaboração e trabalho de equipa. A etapa em que estamos é de reavivar o sonho e mobilizar a vontade dos fiéis, das instituições governamentais e mesmo de todos aqueles que não se revêem na fé católica”, disse.

Salientou que contribuir para a construção da Basílica da Nossa Senhora do Monte não é gastar, mas investir para as novas e futuras gerações. “A construção da Basílica da Nossa Senhora do Monte não é responsabilidade de outrem. Somos nós, com os nossos poucos, médios ou muitos recursos que devemos, na qualidade de católicos, contribuir para a sua construção”.

Acrescentou que está-se a mobilizar as vontades das instituições governamentais e de outras autoridades “porque contribuir para a Senhora do Monte é, de certa maneira, elevar  o nome da cidade do Lubango, da província da Huíla, do país e de África”.

Para o padre Francisco Artur a construção da Basílica será também uma oportunidade de negócios e de emprego. “Imaginemos noutras paragens, onde há santuários, basílicas. Os peregrinos e turistas que visitam esses lugares precisam de transportes e de hospedagem e ganha a comunidade e a sociedade que os acolhe. Sendo a Basílica da Nossa Senhora do Monte construída, com as suas infraestruturas adjacentes, haverá muitos recursos financeiros em benefício dos Cofres do Estado”, defendeu.

O projecto de construção da Basílica da Nossa Senhora do Monte vai ser actualizado. Segundo o padre Francisco Artur, em 2017 já se tinha feito um projecto da construção da Basílica, que estava avaliado em mais de 49 milhões de dólares norte-americanos. Elaborado por uma empresa de construção civil e engenharia portuguesa, o projecto contempla a basílica (igreja maior), a capela cálice, estacionamento, cafés, lojas de conveniência, entre outros benefícios.
“Neste momento, a dificuldade é financeira, conjugada com a realidade da crise económica, aliada à Covid-19. Isso não nos pode entristecer. Temos que ser imaginativos, sobretudo criativos”, concluiu o padre Francisco Artur.
“Seca também é ausência de competências científicas”
O bispo da Diocese do Uíge afirmou, na homilia da procissão à Missa da Nossa Senhora do Monte, que o problema da seca na região sul não é apenas de falta de chuva, mas, também, “da ausência de competências científicas e de uma intervenção humana profícua e informada”.

O prelado defendeu uma maior atenção à comunidade San, devido à situação da seca e da Covid-19 e anunciou que “é possível que nos próximos tempos se veja um sacerdote oriundo da comunidade San”.

D. Joaquim Nhanganga Tyombe saudou os homens e mulheres que “pintaram as páginas” da cidade do Lubango com acções de nobreza. “Não se pode construir uma cidade sem visão”, disse, acrescentando que visão é também contemplação, “naquele sentido de escutar a verdade das coisas e a sabedoria delas para dar o verdadeiro sentido às coisas”.

E frisou que homens fortes e ilustres existem também na actual geração.  “Todos nós estamos a dizer que a nossa cidade está a reerguer-se e a ressurgir. Graças a Deus. Bem-haja aos ilustres corajosos da nossa geração”, felicitou, sublinhando que “as cidades fortes precisam de igrejas também fortes e de comunidades e fiéis fortes”.

O bispo louvou as obras de requalificação em curso na cidade do Lubango, ressaltando que os citadinos “merecem lugares dignos, nobres, como acontece actualmente com o Largo da Sé Catedral, para celebrar nos seus bairros, junto das suas casas, com beleza, um baptismo, o casamento dos seus filhos”.
Defendeu que uma cidade como Lubango deve ter ruas que identifiquem traços ou nomes que expressem o valor e o empenho dos que a fizeram eminentemente cristã.
Jornal de Angola

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